Seu Jorge recebe título de Cidadão de Salvador em sessão solene tomada pela emoção

Foto: Reginaldo Ipê

Tomado por muita emoção, o cantor, compositor e ator, Seu Jorge, disse ter adotado o bairro do Engenho Velho da Federação não apenas pela relação artística, mas também espiritual. E foi ao som dos atabaques dos alabês do Terreiro do Cobre, liderado por mãe Vanísia de Ayrá no bairro, que o filho de Belford Roxo (RJ), sagrou-se Cidadão de Salvador. A sessão solene lotou o Plenário Cosme de Farias da Câmara Municipal, na manhã desta sexta-feira (25), numa iniciativa da vereadora Cris Correia (PSDB).  

Para ele, receber o título é a confirmação de um sonho, por sempre desejar estar mais próximo de suas raízes, da sua ancestralidade. “Afinal, me entendo como um africano nascido em terras brasileiras e Salvador é toda a conexão de africanidade que eu tenho, é uma cidade que tem em torno de 85% pessoas pretas na sua população e, automaticamente, é o jeito de a gente ser, o jeito de a gente viver. E não teria como eu não desejar ser daqui”, descreveu Seu Jorge. 

Para além desses pontos, ele citou toda a beleza e a cultura surgidas na primeira capital do país, que enriquecem o Brasil, e citou personalidades baianas, como o escritor Jorge Amado e Dona Canô, cidadã centenária, conhecida por ser mãe de dois importantes nomes da música popular brasileira: Caetano Veloso e Maria Bethânia.  

“É uma terra de muita gente importante, relevante, que desenvolveu a cultura do país. Surgiram aqui na Bahia duas das maiores referências que fizeram do nosso país muito mais colorido, muito mais plural, que foram Jorge Amado e Dona Canô. Daí, é um lugar que eu espero residir no período da minha segunda juventude”, revelou Jorge Mário da Silva, mais conhecido como Seu Jorge. 

O cantor e compositor, que lançou o álbum “Baile à la Baiana”, com a participação dos artistas baianos Magary Lord, Pierre Onassis e Peu Meurray, rememorou ainda que Salvador é a única cidade no Brasil a integrar a Rede de Cidades Criativas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), na categoria Música. 

“Salvador tem diversos reconhecimentos e penso que é um consenso no país. O povo soteropolitano é o povo mais interessante, no seu jeito de ser. Não que o resto do Brasil não seja, mas o baiano se destaca, com o seu porquê, suas tiradas e sua criatividade. A música nem se fala. Além da sua desinibição para dançar e se manifestar e a troca, a troca que acontece o tempo inteiro”, discorreu.  

Raízes ancestrais

A vereadora Cris Correia justificou a homenagem pela atuação do artista, classificado por ela como multifacetado, que “vem divulgando a cultura da Bahia internacionalmente, preservando suas raízes ancestrais, a especificidade da cultura soteropolitana, em especial quando lançou o álbum “Baile à la Baiana”. 

“Seu Jorge é um artista muito importante, que nos últimos tempos da sua carreira se dedicou a esse trabalho “Baile à la Baiana”, uma homenagem à Bahia, uma reverência à nossa cultura, à nossa musicalidade, ao nosso axé. Obra com sinais do nosso samba de roda, do nosso samba reggae, da nossa percussão, da nossa percussão afro, da levada do axé. Então, você vê ali o nosso caldeirão cultural traduzido e também amparando toda essa poesia de Seu Jorge, que fala de ser preto, dos nossos desafios, do dia a dia da sociedade, na comunidade”, disse Cris.

A autora da homenagem destacou ainda que “Seu Jorge é esse multiartista, que tem uma conexão histórica com Salvador, com a Bahia, o homem do axé, que aqui se reconectou com a ancestralidade”. E reforçando sua ancestralidade, logo após receber o Título de Cidadão, Seu Jorge foi agraciado pela yalorixá Mãe Jacira de Iansã com um colar de contas de Oxóssi, símbolo de proteção. 

A promoter Lícia Fábio reforçou que Salvador está em Seu Jorge, portanto, o título é mais do que merecido: “É um título merecedor, porque Seu Jorge anda por aqui há muito tempo, tem uma paixão por Salvador, criou as filhas muito por aqui também, sempre está aqui, falando bem da nossa terra por onde anda. Portanto, acho que é um nome merecedor, até porque é um grande artista, um intelectual, uma pessoa que gosta das coisas boas e ele sabe que aqui, sendo esse cidadão de Salvador, só nos dará ainda mais orgulho”. 

O vereador Cláudio Tinoco (União) parabenizou a homenagem: “Não posso deixar de parabenizar a colega Cris Correia pela iniciativa de reconhecer a importância de um grande artista. Eu considero que todo artista brasileiro deve ser rebatizado aqui na Bahia e na nossa capital. Afinal de contas, Salvador é a cidade da música e nós somos berços dessa cultura nacional”.

Tinoco disse ainda que Seu Jorge traz muitos elementos que dialogam não só na música, na religião e em todos os aspectos. “Que sirva de referência para todas as outras iniciativas que, porventura, possam ainda vir pela frente, pois temos que enaltecer a presença de um artista que traz na música muitos elementos que colocam Salvador e a Bahia como referência para todo mundo”. 

Claudio Tinoco pediu um minuto de silêncio pela cantora Preta Gil, que morreu no último domingo (20), aos 50 anos, em Nova York, após um longo tratamento contra um câncer no intestino. O corpo da cantora está sendo velado nesta sexta-feira (25), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Mesa – Também compuseram a mesa da sessão solene o cantor, compositor e instrumentista, Magary Lord; o cantor e compositor, Pierre Onassis; a yalorixá do Terreiro Olé Axé Obá Logan, Mãe Jacira de Iansã; a promoter Lícia Fábio; o diretor de Turismo de Salvador, Gegê Magalhães; e os advogados Sérgio Nunes e Diego Freitas Ribeiro.
     

Fonte da notícia: Diretoria de Comunicação

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